Arte e Ativismo
Do Not Track: o que a internet sabe sobre você?
17/06/2015
Por Amarela | #Boletim11
Do Not Track é uma série documental online e interativa, que mostra o que a internet sabe sobre nós – e por internet entenda-se também empresas e governos. Entre os meses de abril e junho, os sete episódios que compõem o documentário foram lançados online, com um intervalo de 15 dias entre eles, e o projeto também foi apresentado como uma instalação interativa no Tribeca Film Festival, em Nova Iorque.
Os episódios proporcionam uma experiência realmente desconcertante a medida que vão nos contando como nossos dispositivos (celulares, computadores…) e softwares podem revelar informações tão acuradas sobre nós, e sem que saibamos ou tenhamos autorizado. Posicionamentos políticos, hábitos de consumo, preferências sexuais, preferências de leitura, tudo isso pode ser conhecido através de informações que postamos voluntariamente em redes sociais e sites, ou através da coleta silenciosa dos nossos dados pessoais em nossas andanças online.
De acordo com o diretor e idealizador da série, Brett Gaylor, cada pessoa tem uma experiência diferente ao assistir o documentário. Isso se dá porque os episódios são construídos, em parte, através da coleta de nossos dados (como o endereço de IP, por exemplo), personalizando a experiência. Ao entrar no site, um banner nos avisa sobre essa coleta, e a medida que assistimos ao documentário, somos convidados a submeter também algumas informações, como o nome dos sites de notícia que visitamos com maior frequência, o endereço do nosso perfil no Facebook, o número de aplicativos instalados em nosso celular, etc. Isso tudo poderia parecer um paradoxo, afinal, porque um projeto construído com a intenção de nos revelar a extensão das práticas de monitoramento online, iria querer coletar nossos dados?
A resposta nos é dada pelo próprio Gaylor, que diz “a privacidade é uma questão complexa, que pode parecer bastante abstrata, por isso, tentamos explorar maneiras de impactar as pessoas“. A coleta e análise de dados feita pelo projeto é oposta a empregada em larga escala na Internet; seu objetivo não é obter ganhos comerciais ou financeiros, mas revelar com clareza e de forma impactante, como nossos dados (isto é, nós mesmos) estão expostos, e quais os perigos inerentes a sua coleta, análise e monitoramento.
Cada episódio do webdoc é dedicado a um aspecto específico do assunto tratado, como o modelo de negócios baseado em cookies de rastreamento, a exploração de dados pessoais nas redes sociais, o que os celulares são capazes de revelar sobre nossas vidas, a personalização e filtragem de conteúdos, big data e algoritmos de interpretação de dados, e o futuro do monitoramento. Juntos, eles nos ajudam a entender como boa parte das nossas atividades hoje são rastreadas, quais são os interesses por trás disso, e porque devemos nos preocupar.
A menos que você não use a internet (que não é o caso, já que está lendo este texto agora), ou que você seja completamente indiferente em relação a sua privacidade (que também não deve ser é o caso), a coleta e uso de dados pessoais na internet é um assunto que diz respeito também a você, e que precisa ser debatido e disseminado de forma ampla e urgente na sociedade. As pessoas que idealizaram e produziram o Do Not Track parecem estar bastante empenhadas nisso.
Tags: Amarela, big data, boletim11, dados pessoais, do not track, privacidade, profiling, trackers, vídeos, webdoc
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