Eventos

Cryptorave 2015

17/06/2015

Por Gabriel Aleixo | #Boletim11

Entre os dias 24 e 25 de abril de 2015, ocorreu no Centro Cultural São Paulo a CryptoRave. Com 24 horas de atividades, o evento reuniu ativistas, pesquisadores, criptógrafos e entusiastas do Brasil e do mundo para mais de 37 atividades sobre segurança, criptografia, hacking, anonimato, privacidade e liberdade na rede.

Inspirada na ação global e descentralizada da CryptoParty, a qual têm como objetivo difundir os conceitos fundamentais e softwares básicos de criptografia, a CryptoRave deste ano contou ainda com participações especiais. Peter Sunde, co-fundador do Pirate Bay, falou sobre tecnologia descentralizadas e o futuro da liberdade na internet. Katitza Rodriguez da Electronic Frontier Foundation (EFF) esteve ao lado do jornalista Andre Meister da Netzpolitk para debater vigilância em massa e controle social, graves ameaças que têm se espalhado por todo o globo.

Com espaços específicos dedicados a eixos temáticos que iam de discussões sobre políticas públicas voltadas ao meio digital a oficinas práticas de criptografia, pelo local passaram mais de 2 mil pessoas para os dois dias de palestras, workshops, mesas redondas, hacking e instalações. A cobertura do evento feita pela EFF destaca falas interessantes a respeito do que foi visto por lá.

Lucas Teixeira, da Oficina Antivigilância, foi responsável por apresentar ao lado de Luiz Perin, da Artigo 19, levantamentos sobre a estrutura de cibersegurança do Estado brasileiro e suas Implicações no monitoramento da sociedade. O projeto ainda promoveu uma editatona de sua Wiki voltada a definir de forma mais clara e inclusiva os conceitos que constam na plataforma, o que permitiu ainda uma ótima interação com o público. Nas palavras de Lucas, “a CryptoRave mostra que as pessoas estão interessadas nessas questões, não apenas pessoas com conhecimento técnico ou matemático avançados. A criptografia não é um crime, mas sim um direito fundamental que as pessoas merecem ter no mundo físico.”

Demonstrando o espírito que ecoava por todos os espaços, Amarela, do projeto Tem Boi na Linha, destacou que “ativistas e jornalistas têm claras preocupações com a privacidade, já que não têm esse direito assegurado para trabalhar e criar estratégias; mas pessoas comuns também estão sendo monitoradas e têm se preocupado. Eu, por exemplo, penso duas vezes antes de realizar uma nova consulta em sites de busca”. Ao fim das atividades, vale também destacar o comentário de Andre Meister demonstrando que as ferramentas técnicas por lá aprendidas não devem ser tomadas como um fim em si mesmas, mas sim um primeiro passo de algo maior: “a criptografia é apenas uma estratégia de defesa contra o que está acontecendo lá fora, nós na verdade precisamos lutar por um mundo onde a criptografia não seja necessária”.

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