Privacidade e Políticas Públicas

Editores do Antivigilância analisam o discurso de Obama sobre reformas da NSA

21/01/2014

Na última sexta-feira, dia 17, o presidente Barack Obama anunciou uma série de medidas para reforma da NSA. A edição do antivigilância analisou o discurso e ressalta os seguintes pontos:

    • O discurso do Obama continuou ressaltando que toda a vigilância feita pela NSA tem razões de segurança nacional, o que pelas revelações do Snowden processadas pelo jornalista Gleen Greenwald, todos sabemos que não é verdade. Pois, no caso do Brasil, a presidente Dilma e a Petrobrás foram alvo. Isso é espionagem por razões de estratégia político-econômica e não tem nada a ver com segurança.
    • Mesmo no caso em que a vigilância é feita em nome da segurança nacional, o presidente Obama partiu da premissa de que privacidade e segurança são valores opostos, o que não é verdade. Se posso utilizar encriptação segura em dispositivos e programas que não tem backdoors, protejo a minha segurança e a minha privacidade. Por outro lado, estamos cada vez mais inseguros se uma grande quantidade de dados é coletado a nosso respeito.
    • Muitas das medidas que são bem vindas, ainda dependem da aprovação e debate no Congresso Americano. Seriam apenas um primeiro passo.
    • A proteção aos “whistle-blowers” continua fora de discussão para o presidente americano. Sendo que todo esse debate e pequenas mudanças só estão em pauta graças à Edward Snowden. O presidente utiliza a alegação de que os agentes da NSA são patriotas. Snowden se preocupou com o mundo.
    • Fica evidente que não será esperando reação do governo americano que vamos proteger nossa privacidade, principalmente para aqueles que não são americanos, ou seja, todo o resto do mundo. Pois a resposa à pergunta fundamental que desencadeou toda a discussão no contexto pós-Snowden, continua sendo um grande “sim”, a NSA, em parceria com os five eyes, vai continuar monitorando a comunicação de milhões de pessoas do mundo todo sem que haja nenhum indício de ação suspeita, o que inclui você.
    • Um passo realmente substancial seria reconhecer e de fato proteger os direitos à privacidade de cidadãos de todo o mundo. Para tal, mecanismos efetivos e imparciais de monitoramento das práticas das agencias de segurança de todo o mundo precisam ser colocados em prática, sendo balizados por princípios internacionalmente acordados que traçam a linha de quando uma prática de vigilância seria necessária e proporcional, desde que respeitando direitos humanos fundamentais.
    • Além da pressão diplomática no âmbito das políticas internacionais. Cabe também aos usuários da rede dificultar uma pouco mais esse processo de monitoramento, optando por ferramentas que sejam mais favoráveis a proteção da privacidade, como essas discutidas aqui na plataforma do antivigilância. Por exemplo, no próprio discurso, o presidente ressalta que nem iphone, nem blackberry são permitidos na “White House Situation Room”. Porque você permitiria na sua casa?

 

Fontes:

 

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